A gastrite é uma condição na qual o revestimento do estômago (conhecido como mucosa) está inflamado. Isso ocorre tanto pela produção aumentada de ácidos pelas células gástricas, como pela falta da produção de muco, substância protetora da mucosa.

A relação entre gastrite e os sintomas pode não ser clara. Pessoas que têm gastrite podem sentir dor tipo queimação ou desconforto no abdômen superior, mas muitas pessoas com gastrite não têm quaisquer sintomas.
Outros sintomas que podem estar associados à gastrite são:
– perda de apetite;
– náuseas e vômitos;
– sensação de saciedade precoce;
– sangramento digestivo;
– deficiências vitamínicas causando fraqueza e diarreia.

O termo gastrite é usado erroneamente, às vezes, para descrever qualquer sintoma de dor ou desconforto no abdômen superior. Muitas doenças e distúrbios podem causar esses sintomas. Para diferenciá-los, inicialmente há necessidade de uma avaliação médica detalhada de suas queixas e exame clínico. Suspeitando-se do diagnóstico serão solicitados os exames complementares indicados.

Após a avaliação médica e a suspeita de gastrite, o exame indicado para o diagnóstico de gastrite ou afastamento da sua suspeita,  é a ENDOSCOPIA DIGESTIVA ALTA com biópsia.

Durante o exame pode ser verificado:
– a localização da gastrite (em apenas um local do estômago ou estômago todo);
– o tipo de gastrite (enantematosa, erosiva, hemorrágica, entre outras);
– complicações da gastrite;
– outras inflamações ou problemas associados (inflamações no esôfago ou duodeno, úlceras);
– sinais que indicam a causa da gastrite.

A biópsia durante o exame é importante para o diagnóstico microscópico da gastrite e pesquisa da bactéria Helicobacter pylori, uma bactéria que tem relação com  o desenvolvimento de gastrite e de outras patologias gástricas. Em uma nova postagem falaremos mais sobre esta “importante” bactéria.

Além da expressiva relação com a infecção pela bactéria H. pylori, podemos citar como fatores associados à gastrite:
– uso prolongado de anti-inflamatórios não-esteroides (AINEs) como aspirina e ibuprofeno;
– álcool;
– cocaína;
– radiação;
– lesões traumáticas,
– queimaduras graves;
– doença crítica;
– cirurgia.

Uma dúvida frequente é sobre a alimentação. Nenhum alimento por si só é causa de gastrite porém os maus hábitos alimentares (jejum prolongado, excesso de alimentos ácidos, café, refrigerantes, doces, etc.) podem propiciar o surgimento da gastrite.
É importante salientar que a comentada “gastrite nervosa” não existe, portanto devem sempre ser identificadas as causas corretas.

A gastrite crônica é um fator de risco para úlcera péptica, pólipos gástricos e tumores gástricos benignos e malignos.
Algumas pessoas com gastrite crônica pelo H. pylori ou gastrite auto-imune desenvolvem gastrite atrófica. Neste caso, ocorre destruição das células do revestimento do estômago que produzem ácidos digestivos e enzimas, podendo levar a dois tipos de câncer: o câncer gástrico e o linfoma do tecido linfóide associado à mucosa gástrica (linfoma MALT).

Os medicamentos que reduzem a quantidade de ácido no estômago podem aliviar os sintomas que porventura acompanhem a gastrite e promover a cura do revestimento do estômago.

O tratamento é individualizado conforme cada tipo de gastrite e conforme cada paciente. Os medicamentos mais utilizados atualmente são os inibidores da bomba de prótons (IBPs), como omeprazol, lansoprazol, pantoprazol, rabeprazol, esomeprazol e dexlansoprazol. Os IBPs diminuem a produção de ácido mais eficazmente do que os bloqueadores H2 (ranitidina).

Medidas ou tratamentos adicionais podem ser necessários. Por exemplo, se a gastrite é causada por uso prolongado de AINEs, poderá ser aconselhado suspender a ingestão do medicamento, reduzir a sua dose ou mudar para outra classe de medicamentos para a dor.