A Doença do Refluxo Gastroesofágico ou DRGE ocorre quando o esfíncter inferior do esôfago (EIE) não se fecha apropriadamente e o conteúdo do estômago extravasa de volta para o esôfago. O EIE é um anel de músculo na parte inferior do esôfago que age como uma válvula entre o esôfago e o estômago.
Quando o ácido refluído do estômago toca a parede do esôfago, ele causa uma sensação de queimação no tórax ou garganta denominada pirose (azia). A azia que ocorre mais que duas vezes numa semana pode ser considerada DRGE e ela pode, eventualmente, conduzir a problemas mais sérios.
Trata-se de um dos problemas mais comuns relacionados ao aparelho digestivo. Estima-se que cerca de 45% da população ocidental relate a ocorrência de um episódio de refluxo por mês e que 5 a 10% destes indivíduos façam referência diária ao sintoma. O refluxo é mais comum em idosos e em gestantes.
Os principais sintomas de DRGE são azia persistente e regurgitação. Algumas pessoas têm DRGE sem azia. Elas podem apresentar dor no tórax, rouquidão pela manhã ou dificuldades para engolir. Você pode sentir como se tivesse comida engasgada na sua garganta ou como você estivesse com sua garganta apertada. A DRGE também pode causar tosse seca e mau hálito.
Seu médico pode solicitar exames complementares para avaliar seus sintomas, quando não está claro se eles são de fato causados por refluxo ácido; ou se você estiver sofrendo complicações da doença como disfagia, sangramento e engasgos; ou ainda se seus sintomas não estiverem melhorando com o uso da medicação. Muitas vezes também são solicitados exames para se avaliar o grau de agressividade da doença para adequar o tratamento àquilo que é necessário no seu caso.
Um dos fatores que pode contribuir é a presença de uma hérnia de hiato. A hérnia de hiato ocorre quando a parte alta do estômago está acima do diafragma, a parede muscular que separa o estômago do tórax. O diafragma ajuda o EIE a manter o ácido no estômago, impedindo que suba para o esôfago. Quando uma hérnia de hiato está presente, é mais fácil do ácido subir. Desta maneira, uma hérnia de hiato pode causar refluxo. A hérnia de hiato pode ocorrer em pessoas de qualquer idade. É importante lembrar que não há indicação de cirurgia para todas as hérnias de hiato.
- Ingestão de bebidas alcoólicas
- Sobrepeso
- Gravidez
- Cigarro
- Frutas cítricas (laranja, limão…)
- Chocolate
- Bebidas com cafeína
- Frituras e comidas gordurosas
- Alho e cebola
- Essência de menta
- Alimentos apimentados
- Molho de tomate
Se você vem tendo azia ou qualquer um dos outros sintomas por alguns momentos, você deve fazer uma consulta médica. Seu médico irá fazer a avaliação de caso e indicar os exames necessários. Inicialmente pode ser solicitado uma endoscopia digestiva alta, podendo ser necessário a indicação de manometria esofágica (medida da pressão do esôfago) e pHmetria esofágica (medida do grau de refluxo ácido). Dependendo da gravidade da sua DRGE, o tratamento compreende uma ou mais das seguintes alterações do estilo de vida, medicamentos ou cirurgia.
- Parar de fumar
- Não tomar bebida alcoólica
- Emagrecer
- Fazer refeições pequenas
- Vestir roupas folgadas
- Evitar deitar-se até 3 horas após uma refeição
- Elevar a cabeceira da cama cerca de 15 a 20 centímetros.
Seu médico pode recomendar o uso de antiácidos, ou medicamentos que interrompem a produção de ácido ou que ajudam os músculos a esvaziar seu estômago, ou seja: bloqueadores-H2, inibidores de bomba de prótons e procinéticos.
CIRURGIA
Quando do diagnóstico de hérnia hiatal, a cirurgia é uma opção quando os medicamentos e alterações do estilo de vida não deram resultado, quando há necessidade de tomar medicamentos por toda a vida, ou quando existem complicações no esôfago devidas à agressão ácida.
Fundoplicatura, geralmente uma variação específica chamada Nissen, é o tratamento cirúrgico padrão para a DRGE. A parte alta do estômago é “engravatada” em torno do EIE para fortalecer o esfíncter e prevenir o refluxo de ácido e para reparar a hérnia de hiato. Nenhuma parte do estômago é cortada e retirada.
Este procedimento pode ser realizado por videolaparoscopia e requer somente pequenas incisões no abdome. A fundoplicatura laparoscópica tem sido usada de maneira segura e eficiente em pessoas de todas as idades. E mais, as pessoas podem deixar o hospital em 1 a 2 dias e retornar ao trabalho em 2 a 3 semanas.
Em 2000, foi aprovado nos Estados Unidos dois dispositivos endoscópicos para tratar a azia crônica. Um é chamado sistema Bard EndoCinch que põe uma costura no EIE para criar pequenas pregas que ajudam a fortalecer o músculo. O sistema Stretta usa eletrodos para criar pequenos cortes sobre o EIE. Quando os cortes cicatrizam, o tecido cicatricial ajuda a apertar o músculo. Os efeitos a longo prazo destes dois procedimentos são desconhecidos. Recentemente foi aprovado nos Estados Unidos um implante que pode ajudar as pessoas com DRGE que desejam evitar a cirurgia. O Enterix é uma solução que torna-se esponjosa e fortalece o EIE para manter o ácido do estômago e não extravasar para o esôfago. Ele é injetado durante a endoscopia. O implante está aprovado para pessoas que têm DRGE e que requerem e respondem aos inibidores da bomba de prótons. Os efeitos a longo prazo do implante são desconhecidos, e ainda não disponibilizamos no Brasil.
QUAIS AS COMPLICAÇÕES A LONGO PRAZO DA DRGE?
Algumas vezes a DRGE pode causar complicações sérias. A inflamação do esôfago pelo ácido do estômago pode causar sangramento, úlceras e lesões pré-malignas. Além disso as cicatrizes da lesão tecidual podem estreitar o esôfago e tornar a deglutição difícil. Algumas pessoas desenvolvem esôfago de Barrett, onde há alteração do tipo das células da parede do esôfago, que com o tempo podem levar ao câncer.
Também, estudos mostram que a asma, tosse crônica e fibrose pulmonar podem ser agravados ou mesmo causados pela DRGE.
Este material foi desenvolvido pela National Digestive Diseases Information Clearinghouse (EUA), revisado e adaptado pela CCSFBG , sob autorização.